terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Eléctrico


Em 1894, a Companhia Carris, dirige uma petição à Câmara Municipal do Porto para que a tracção animal fosse substituída por energia eléctrica, que teve origem em Berlim no ano de 1879. Obtida a licença no mesmo ano, com confirmação governamental, é inaugurada em 1895 a Central Termoeléctrica da Arrábida.

A 12 de Setembro de 1895 é inaugurada a primeira linha de Carros de Tracção Eléctrica na cidade do Porto, facto que, por vezes é esquecido na história desta Cidade, entre o Carmo e Massarelos – Via Restauração.

O Carro Eléctrico no Porto representou, para a cidade, uma evolução muito importante nas condições de vida da população, permitindo um grande crescimento urbano com a fixação dos habitantes na periferia.

A rede que o STCP recebeu quando do resgate da CCFP era uma rede radial com duas circulatórias (linhas 15 e 20), talvez este sistema possa trazer alguma luz para novos projectos, com uma frota constituída por 193 Carros Eléctricos com 24 atrelados para 38 linhas e cerca de 250 km.

Segundo Pereira, Manuel Castro em “Os Velhos Eléctricos do Porto”, “Os primeiros carros eléctricos do Porto, eram pequenos, com plataformas abertas e bancos longitudinais de madeira, onde se sentavam 18 passageiros frente a frente, eram carros do tipo – risca ao meio – executados a partir de antigos carros americanos dos modelos maiores de 7 e 8 janelas”.

Para Pacheco, Hélder em “O Carro Eléctrico no Porto”, o carro eléctrico “Era o sal das histórias picantes, a doçura das afeições da gente comum, o vinagre do azedume dos que sofriam a sua ronceirice, os seus atrasos e incómodos, a poesia de quem se deleitava com as oportunidades do romance de algumas viagens”.

A condução do Carro Eléctrico sempre foi executada por homens, assim como a cobrança, contudo no ano de 1920 e segundo Monterey, Guido de, “O Porto Origem, Evolução e Transportes”, “A cobrança de bilhetes foi entregue a pessoal feminino, o que causou a maior sensação. Este facto se deveu ao período conturbado de greves que a empresa estava a atravessar”. Somente em 1998 são admitidas mulheres para o conjunto das funções de guarda-freio e cobrador em simultâneo.

A carta de habilitação para exercer a profissão de guarda-freio dos veículos de tracção eléctrica urbana era baseada no Regulamento para a Concessão de Licenças da Direcção dos Serviços de Finanças (Secção de Impostos, Licenças e Aferições), onde ficava registada.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

História dos Carros Eléctricos na Cidade do Porto - A Máquina


Em 1878 a tracção a vapor é introduzida na cidade do Porto por iniciativa da Companhia Carris de Ferro do Porto, com autorização da Câmara Municipal do Porto às duas companhias existentes a “Companhia Carril Americano do Porto à Foz e Matosinhos” vulgarmente designada por “Companhia de Baixo”, com estação central no Ouro, que efectuava a ligação entre a Porta Nobre (ou Nova), passando pela Rua Nova da Alfândega até à Foz, prolongada até Matosinhos e a “Companhia de Cima” designada por “Companhia Carris de Ferro do Porto” instalada na Boavista, que teve a sua primeira linha entre a Praça Carlos Alberto e Cadouços (Foz do Douro).

Devido à necessidade de outro tipo de motor de tracção mais económico, do que o animal, foi a opção tomada pela companhia nas suas linhas. A Companhia Carril adquiriu 3 máquinas Henschel & Filhos, abandonando posteriormente o projecto. A Companhia Carris adquire 4 locomotivas à casa Henschel & Sohn, de Cassel (Alemanha), ficando com as 3 da Companhia Carril. Mais tarde adquiriu 4 locomotivas mais leves em segunda mão a uma companhia francesa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Moção - Pela defesa do "Carro Eléctrico" e sua inovação


Moção

Pela defesa do “Carro Eléctrico” e sua inovação



O enquadramento dos sistemas de transportes, desde o americano ao eléctrico sempre envolveu várias reflexões de grande importância, nas camadas públicas e sociais.

O Porto, centro da Área Metropolitana, cheio de edifícios históricos e de ruas estreitas, ainda permite com alguma imaginação a intervenção física necessária para a implementação de um sistema complementar de transporte eléctrico, versão modernizada do eléctrico histórico da cidade de forma a torna-lo fácil e atractivo para os visitantes e habitantes.

O Sistema de Metro Ligeiro da Área Metropolitana do Porto, projecto que assentou numa versão modernizada do “Eurotram” de Estrasburgo com características que lhe concede grande visibilidade internacional, com a função de transportar grande número de pessoas por hora e sentido, não é o mais indicado para circular no centro da cidade.

Esta solução de transporte público mais atractiva e eficiente poderá contribuir para a diminuição do número de automóveis particulares que todos os dias levam ao congestionamento da cidade e perca de qualidade de vida.

Com o actual sistema em funcionamento, é dado ver por toda a cidade, que o nível de carros estacionados não diminui e está confirmado no relatório de sustentabilidade da STCP, S.A., que com o objectivo de aumentar a qualidade e fiabilidade dos transportes públicos foi criada a “Operação Via Livre”. Nesta operação de combate ao estacionamento indevido e ao longo do ano de 2005 foi efectuado uma média de 460 autos de multa por mês, resultando 90 reboques e 42 bloqueamentos, para além da actuação dos serviços competentes da área de fiscalização.
O afastamento da população residente da cidade pela falta de oferta de condições mais atraentes e oferecidas pelas cidades vizinhas, veio contribuir para o grande aumento de entradas de veículos com o contributo da não existência de parques de estacionamento na periferia.

O sistema de transporte aqui indicado traria para a cidade benefícios de toda a grandeza, nomeadamente o bem-estar das populações pela captação de viagens ao transporte individual, a poupança de energia e melhoramento das condições ambientais na redução de emissão de gases poluentes.

Assim o material circulante indicado – carro eléctrico ligeiro de superfície deverá assentar na defesa dos valores económicos, preocupações sociais, protecção ambiental, inovação e fundamentalmente a acessibilidade por pessoas de mobilidade reduzida.

A compatibilização entre sistemas deverá ser assegurada ao nível de bitola e fonte de energia, a largura do veículo deverá ser reduzida para que seja possível a sua movimentação nas ruas estreitas da cidade.


Face ao exposto e considerando que se consegue com este sistema complementar de transporte a:


- Diminuição do estacionamento;

- Diminuição do tráfego rodoviário;

- Oferta de qualidade de vida urbana;

- Bem-estar das populações pela captação de viagens ao transporte individual;

- Poupança de energia e melhoramento das condições ambientais na redução de emissão de gases poluentes;

- Valorização das actividades comerciais.

Os promotores desta moção decidem apelar pela manutenção do “Carro Eléctrico” histórico na cidade do Porto e que se criem condições para a implementação de um sistema ligeiro e moderno de carro eléctrico.


Maia, 25 de Abril de 2006

Primeiro subscritor

Fernando Pinheiro Martins

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

História dos Carros Eléctricos na Cidade do Porto - O Americano


Em 1832, um cocheiro irlandês de nome John Stephenson, com o auxílio de alguns capitalistas, pretendia montar um caminho-de-ferro entre New York e Haarlem, para ser utilizado um veículo a vapor. As autoridades não aceitaram a ideia e, assim, viu-se obrigado a utilizar cavalos como força de tracção às carruagens, que continuavam a circular sobre carris.

Passados quarenta anos, cabe à cidade do Porto dar os primeiros passos, neste sistema de transportes. Em 1871 é feito o assentamento da via-férrea e em Maio de 1872 é inaugurado o novo transporte público na cidade. A velocidade atingida era superior aos carroções (carros de dimensões avantajadas, puxados por uma junta de bois), não impedia o trânsito de peões e outros veículos e passava a ter um percurso perfeitamente previsível.

Este tipo de transporte assente no carril, sendo este elemento tecnológico o elemento facilitador para o incremento da velocidade, impôs a normalização do pavimento urbano. A tracção era efectuada por muares ou cavalos, tornando-se um transporte urbano indicado para operar em zonas densamente povoadas.